06 agosto 2008

Rejects United

Após a boa recepção ao EP Rebound Aftermath, os lisboetas Rejects United lançam o seu primeiro álbum - Boyhood Survival Kit. João Campos, vocalista e guitarrista, fala sobre este lançamento - escrutinando-o minuciosamente -, e não só. Atenção: eles querem marcar o rock português! E ouvem Metallica e Pantera.

LAF - É este álbum olhar para trás, para os tempos de vocês enquanto rapazes e as experiências por que passaram? É Boyhood Survival kit um manual de instruções para sobreviver à adolescência?

JC - É um manual de sobrevivência para o coração adolescente, aquele que se deixa levar por paixões incendiárias e que pode levar, como no caso da personagem do álbum, à loucura e à perdição. Funciona como um aviso para não se levar demasiado a sério as primeiras paixões dum coração em construção. É sem dúvida um olhar para trás para vivências, sentimentos e situações pelas quais passamos. É também o fechar dum capítulo das nossas vidas que nos marcou bastante.

LAF - Como surgiu a ideia da engraçada banda-desenhada da artwork da capa e do booklet?
JC - A banda desenhada foi sempre uma influência constante na minha vida. Quando chegou altura de escolher um meio para transmitir o conceito do álbum, que melhor maneira de contar uma historia do que através de imagens? Depois de delinear a narrativa, associei cada música a uma imagem condensando-as depois nesse booklet de 8 páginas, ficando com um aspecto mais de BD. Sendo o packaging do álbum uma mochila penso que é legitimo esta conter além da "tralha" que todos nós guardávamos na mochila, o livro de BD boyhood survival kit.

LAF - A vossa sonoridade possui traços emo, embora disfarçados. É este um estilo musical que os Rejects United gostem de se passear ou surge espontaneamente no processo de composição?
JC - Quando dizes traços emo, se te estás a referir a música com uma forte carga emocional, sim somos sem dúvida uma banda com esses traços mas nada é forçado para soar assim, tentamos ser o mais sinceros possível, é o q flui de nós. Gostamos de algumas bandas que são denominadas emo, mas não nos revemos de todo em excessos que algumas dessas bandas caem.

LAF - Quem é que traz as influências punk para a banda e quem é que traz as mais pesadas, o hard-rock, e até o Metal?
JC - É um pouco difícil separar quem é que traz o que, eu sempre ouvi Rock, Hard-Rock, Grunge e Metal desde de miúdo, só há poucos anos é que comecei a interessar-me mais pelo punk e hardcore. O Spínola (guitarrista solo) começou pelo rock tipo Guns and Roses, passou pelo punk, jazz, e agora anda numa fase de rock progressivo como Mars Volta e também cenas como Radiohead. O Vítor (baixista), assim como o Rodrigo ( baterista) ,vieram do punk; oVítor passou pelo reggae anda agora mais numa onda de rock "clássico" como Doors, se bem que também gosta muito de Metal - uma das suas bandas favoritas é Metallica. O Rodrigo além do Punk (Lagwagon, Bad Religion, Soziedad Alkoholika), gosta de Metal (Pantera) e Rock ( A Perfect Circle). Portanto como vês temos todo partilhamos essas influências tanto do Punk como do Metal e como é claro Rock.

LAF - Porque optaram por cantar em Inglês?
JC - Não foi uma opção, desde de miúdos que somos mais influenciados por bandas, filmes e livros de origem Anglo-Saxónica do que propriamente por autores portugueses, com o todo o respeito que os autores portugueses merecem (um dos meus escritores favoritos é sem dúvida José Saramago). Penso que é normal que quando começamos a compor as músicas e a escrever letras estas saíssem em Inglês. Penso que existe neste momento uma espécie de "caça às bruxas" a bandas que cantam em inglês... Enganem-se aqueles que pensam que bandas a cantar em inglês têm maior facilidade em ser promovidas, pois não é verdade. Continua a existir o forte estigma contra bandas que não cantem em Português.

LAF - Como foi trabalhar com um ilustre como Alan Douches [engenheiro musical. Masterizou álbuns para os Mastodon]?
JC - Foi um processo colaborativo à distância, a interacção foi feita apenas por e-mail, ele enviava versões masterizadas das músicas, ouvíamos, respodíamos dizendo o que achávamos e chegamos a um resultado que agradou ambas as partes. Penso que não há muito mais a acrescentar.

LAF - Para quem não teve a oportunidade de estar presente, como correram, tanto o concerto de apresentação do álbum (MusicBox, Lisboa), como os Showcases Fnac (Chiado e Cascais)?
JC - O concerto de lançamento foi uma festa no lugar ideal, para amigos e fãs que nos acompanharam no longo percurso até ao lançamento deste álbum, regada com muito rock! Estamos orgulhosos do Boyhood Survival Kit finalmente ter saído para o mundo, o lançamento não poderia ter corrido melhor. Em relação aos showcases acústicos nas Fnacs, está a ser uma experiência interessante, estamos a gostar de dar espectáculos mais intimistas em contraponto a energia visceral dos eléctricos. Perde-se uma pouco da agressividade das versões originais mas ganhas uma maior profundidade nas mesmas. Temos tido uma resposta bastante positiva a esta abordagem acústica.

LAF - Como viram o facto de Boyhood Survival Kit ter sido classificado com um 8 (em 10) pela prestigiada revista RockSound?
JC - Orgulhosos como podes perceber, foi o primeiro feedback que tivemos de imprensa especializada e não podia ser melhor. Entretanto já tivemos outras boas reviews como a da Big Cheese (outra revista de música inglesa) que deram 4/5 e em alguns blogs espalhados pela net. Ao mesmo tempo não nos deixamos iludir pelas boas reviews - são apenas opiniões, claro que são importantes e dá-nos força saber que alguém reconhece qualidade no nosso trabalho, mas sabemos que ainda temos um longo caminho a percorrer até chegarmos aos objectivos a que nos propusemos.

LAF - Vêem-se como uma banda a deixar uma marca no Rock português?
JC - Esperamos deixar, não é coisa que nos passe muito pela cabeça, mas sim, esperamos vir a deixar uma marca nem que seja provar que o rock em Portugal não está morto e que uma banda portuguesa pode pensar em alcançar algo além-fronteiras, não se limitando apenas ao território nacional. Mas penso que mais importante do que marcar um certo estilo queremos marcar pessoas, inspíra-las, dar-lhes algo que elas também sintam como delas. Gostávamos que as pessoas vissem este álbum como aquele amigo ao qual não tens que dizer nada pois ele sabe exactamente como te sentes e que te diz as palavras certas para te fazer sentir melhor.

LAF - A vossa digressão além-fronteiras inclui mais algum país, além da Inglaterra?
JC - Queremos fazer as coisas com calma e por fases, não dar um passo maior que as pernas. De momento vamos concentrar-nos em Inglaterra, tentar cimentar a nossa música por lá e depois logo se vê, mas sim queremos tocar no maior número de sítios e países possíveis, quem sabe num futuro próximo uma tour europeia ou americana.

LAF - Existe algo que queiram acrescentar?
JC - Queria agradecer pela entrevista, as melhores das sortes para o blogue e para a tua divulgação de bandas portuguesas, pois desempenham um papel fundamental na vida das mesmas. De resto, para quem quiser conhecer melhor quem são e o que fazem os Rejects United passem por o www.myspace.com/rejectsunited, adicionem-nos, deixem um comentário, mandem uma mensagem, serão mais que bem vindos a família dos rejeitados.

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